Minhas Viagens

A Primeira Tentativa

Em 2002, fiz minha primeira viagem para tentar ver a Aurora Boreal. Na realidade, a viagem não foi planejada com esse intuito.

Todo o planejamento foi feito em função de um curso de inglês que eu fiz em Vancouver, no Canadá, em setembro de 2002.

Eu precisava aprimorar meu inglês, daí planejei tirar meus 30 dias de férias e fazer uma imersão no Canadá. Escolhi Vancouver por ser uma cidade mais bonita em termos de natureza e por ter rampa de parapente. Ah, eu voo de parapente desde 1998. Mas essa parte da viagem e muitas outras histórias das minhas viagens, você poderá ler no meu blog: http://umpedacinhodomundo-katiamaia.blogspot.com.br/

Como eu estava muito próximo do Alasca, resolvi na minha última semana de férias ir para Anchorage, uma das principais cidades do Alasca, e, aí sim, tentar ver a Aurora Boreal.

Fiquei apenas 4 dias no Alasca, o que deu para conhecer bastante da cidade, mas infelizmente o tempo não ajudou em nada para que eu pudesse ver a Aurora Boreal. Foram poucos momentos de sol e dia claro. Quando não estava chovendo, estava nublado.

Durante um lanche à noite, no albergue que eu fiquei, estava conversando com algumas pessoas que tinham acabado de voltar de Fairbanks e que viram a Aurora Boreal. Fairbanks é uma cidade que fica na região central do Alasca, porém muito longe de Anchorage.

Entretanto, decidi alugar um carro e ir o mais longe possível. Eu já não tinha muito mais tempo. Teria apenas 24h para ir até algum lugar e voltar para pegar meu voo de volta ao Canadá para que eu pudesse voltar ao Brasil.

Saí do albergue ainda madrugada, e comecei a dirigir pelas estradas do Alasca em direção ao norte, percorrendo entre a ida e volta um total de 900km. Infelizmente, não foi dessa vez que consegui ver a famosa Aurora.

A Segunda Tentativa

Em 2010, planejei uma viagem incrível pela Escandinávia na tentativa de ver a Aurora Boreal. Desta vez, toda a programação foi feita com foco na Aurora.

Cheguei na Europa por Portugal até chegar em Helsinki, na Finlândia. Ali começava a caçada.

Não tinha nenhuma expectativa de ver a Aurora em Helsinki, mas já estava mais próxima da linha do círculo polar.

De Helsinki, fui para Rovaniemi, ainda na Finlândia. Uma cidade linda na Lapônia e que é marcada por ficar bem na linha do círculo polar, no paralelo de latitude: 66º 33’ 44’’N.

Os dias estavam nublados e consequentemente as noites também. Valeu muito ter conhecido Rovaniemi, mas infelizmente o tempo não ajudou muito e não vi a Aurora.

De Rovaniemi, fui para Kiruna, na Suécia. Kiruna é uma cidade que fica a 175km acima da linha do círculo polar. 

A expectativa em Kiruna foi enorme, porque um dos pontos chave desse planejamento foi dormir em um iglu no meio da floresta, para ficar mais afastada das luzes da cidade e poder ter uma visão privilegiada da aurora.

Mas infelizmente, apesar dos dias lindos em Kiruna, à noite sempre nublava e mais uma vez não consegui ver a aurora.

Depois de Kiruna, fui para Tromsø, na Noruega. Nossa, quando eu cheguei lá aí tive certeza de que não viria nada. Nevava horrores! O céu estava muito nublado.

De Tromsø fui para Nordkapp, considerado o ponto mais setentrional da Europa e mais uma vez... nada.

Esse roteiro foi muito legal, cheio de aventuras, durou cerca de 15 dias, mas infelizmente a aurora ficaria para uma próxima viagem.

Se você quiser ver todos os detalhes dessa viagem, acesse meu blog: http://umpedacinhodomundo-katiamaia.blogspot.com.br/

A Terceira Tentativa

Em 2014, planejei uma viagem com nenhum foco em turismo e 100% de foco na aurora boreal.

Há alguns anos que eu acesso o site da Agência Espacial Canadense, muito especializada na aurora boreal. Esta agência fica em Yellowknife, ao norte no Canadá, no paralelo de latitude 62º 26' 38''N e durante as noites eles transmitem imagens ao vivo dos céus de Yellowknife no intuito de captar a aurora boreal.

No dia 01/02/2014 embarquei rumo à Yellowknife e, então, sonho realizado.
Vou contar cada detalhe da viagem.

1º dia

A viagem até Yellowknife é longa. Não há um voo direto para lá.

Saí do Rio de Janeiro em um voo para Atlanta, nos EUA. Daí, mais algumas horas em um voo para Toronto, no Canadá. De Toronto, para Edmonton e de Edmonton para Yellowknife. Tudo em um total de 18h 15min de voo, fora o tempo de espera das conexões.

Finalmente cheguei em Yellowknife. O dia estava ótimo, apesar do frio intenso, 24ºC negativos à 1h da tarde!
Deixei a mala no hotel e fui passear para conhecer essa pequena cidade de pouco mais de 5.000 habitantes. Um dia é suficiente para conhecer toda a cidade.

Nesta tarde fui a dois pontos muito interessantes da cidade: o "The Wildcat Cafe" e o "Monumento aos Pilotos".

The Wildcat Cafe é uma das casas mais antigas de Yellowknife. Data de 1937 e era um ponto de encontro daqueles que se aventuravam a explorar as terras do norte do Canadá. Em 1979, foi todo reformado e continua sendo um café tradicional do local.

Já o "Monumento aos Pilotos" fica num ponto alto da cidade com uma vista incrível da cidade e do principal lago - Great Slave Lake, o qual nesta época do ano fica completamente congelado e se constrói uma Ice Road, sobre a qual é possível chegar a Dettah de carro. 

Depois desse passeio, fui para o hotel esperar a noite chegar. Nesse primeiro dia, achei que conseguiria ver a aurora lá da rua onde eu estava hospedada. Apesar de eu ter visto, bem fraquinha, não consegui tirar fotos. Tem mesmo que ir para um lugar mais afastado. Daí, decidi que nos dias seguintes eu iria à noite para essa Ice Road tentar ter um visual melhor. E não me arrependi!

2º dia

Durante o dia eu ficava passeando pela cidade. Desta vez fui comprar alguns souvenirs e dirigir pela Ice Road para conhecer bem a estrada porque a noite não tem nenhuma iluminação.

Finalmente a noite chegou! O frio não era para brincadeira. Em torno de 30ºC negativos e a previsão era de ficar ainda mais frio.

Peguei o carro e fui para a estrada de gelo e fiquei esperando a aurora aparecer.
Uau! Lá estava ela. Dançando no céu. É realmente de arrepiar. Mas não se engane. Não é nada fácil fotografá-la. Eu não sou profissional, apesar de gostar de fotografia, mas apanhei até achar o melhor ajuste da máquina. Ao longo da semana as fotos foram melhorando, mas terei que voltar um dia para conseguir uma foto perfeita!!!

Essas são algumas das primeiras fotos da aurora!

3º dia

Durante o dia, mais passeios pela cidade. Fui conhecer o museu e mais alguns lagos, que ficam todos congelados. Os barcos ficam todos presos no gelo.

A noite chegava e eu me preparava para congelar sobre a estrada de gelo. Mas era por uma boa causa. Como fazia muito frio, eu deixava o carro ligado o tempo todo com o aquecedor no máximo para que eu pudésse aquecer as mãos. É impossível manusear a máquina fotográfica com luvas. Então eu tinha que tirá-las para ajustar a câmera. Tempo suficiente para doer até a alma!

Quando eu viajo para lugares assim, normalmente fico muito atenta à animais selvagens como alces, lobos e até mesmo ursos. E essa noite tive uma emoção a mais.

Após um período no escuro, a nossa vista acostuma e passamos a ter uma boa visão noturna.

Eu tinha acabado de colocar o tripé da máquina na estrada e estava ajustando-a quando, na minha visão periférica, percebi um movimento a certa distância de mim. Foquei o olhar na direção e vi um enorme cão, que realmente não sei se era um cão ou um lobo. Mas antes que o animal resolvesse chegar mais perto, joguei o equipamento fotográfico para dentro do carro e saí o mais rápido que pude. Apesar dessa emoção toda, ainda consegui tirar algumas fotos da aurora que naquela noite estava um pouco tímida.

4º dia

A cidade era bem pequena e não tinha nada para fazer durante o dia. Já havia dado diversas voltas na cidade toda, todos os dias. Entretanto, os canadenses de Yellowknife são apaixonados por aviação. E como eu sou piloto de helicóptero, resolvi dar uma volta pelos hangares do aeroporto porque havia visto uns Búfalos C115 por lá.

Tirando a aurora, essa foi a parte mais legal do passeio para mim. Descobri que lá é gravado o documentário Ice Pilots que passa no National Geographic.

Os pilotos foram muito acolhedores, super simpáticos e me levaram para sentar na cabine do C115. Cada vez mais eu estava apaixonada por Yellowknife.

Esse é o Joe McBryan, veterano chefe dos pilotos.

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a história desses pilotos, acesse: http://www.icepilots.com/

À noite, como sempre, me dirigia à estrada de gelo para esperar a aurora. E nesta noite não foi diferente. Eu já estava lá quando ela começava a aparecer. A temperatura estava cada vez mais congelante e para fechar a viagem com chave de outro estava só 40ºC negativos!!!

Essa foi a última noite em Yellowknife. No dia seguinte começaria a peregrinação de volta ao Brasil. E, como um presente de Deus, foi o dia mais bonito da Aurora!

A Quarta Tentativa

Em 2019, decidi tentar ver a aurora novamente. No meio do ano, comecei a planejar.

Preparei alguns roteiros, iniciando por Tromsø (Noruega), seguindo por Kiruna (Suécia), depois Rovaniemi (Finlândia) e, por fim Oslo. Já havia feito esse roteiro em 2010, mas agora seria diferente, pois já tinha experiência nessas localidades.

Comecei a pesquisar as passagens aéreas e a viagem ficaria muito cara. Daí, decidi fazer um ajuste e excluir Rovaniemi do roteiro. Então, estava ficando dentro do orçamento. Depois de muito pesquisar, finalmente comprei as passagens aéreas para mim e Tania para o trecho Oslo - Rio - Olso.

Ainda tinha muito chão pela frente... planejar o roteiro de fato, buscar hotéis, passagens internas na Noruega, aluguel de carro.

O planejamento é: chegar em Oslo e seguir para Tromsø, onde ficaremos alguns dias. Depois, passaremos uma noite em Narvik, seguiremos para Kiruna, regressaremos para Narvik, na sequência para Tromsø e, então, os 3 últimos dias serão conhecendo Oslo.

Praticamente, na véspera de viajarmos, mudei o roteiro novamente. As condições meteorológicas para Kiruna não eram nada animadoras. Então, resolvi ficar o tempo todo em Tromsø, sendo que reservei um hotel bem isolado, em Sommarøy, para ficarmos 2 dias.

No primeiro dia em Tromsø (27/12), já seguimos pela rota das auroras na tentativa de vê-la. Seria nosso presente de chegada, mas não aconteceu. Eu estava muito cansada porque havia acordado as 3:30 da madrugada para pegar o voo para Tromsø, então não tive forças para dirigir por mais quase 1h e chegar à Finlândia e depois teria que voltar quase 3h de viagem.

A partir do dia seguinte, o tempo piorou muito. Nevando e chovendo. Fomos para Sommarøy, e lá estava ainda pior.

De volta à Tromsø, seguimos a rota das auroras todos os dias, mas se nenhum sucesso. Na virada do ano, passamos na estrada, em busca da aurora. Desta vez, fomos até a Finlândia, onde o céu estava divino. A expectativa era alta para essa linda virada do ano como a Aurora. Mas, novamente, ela não apareceu. Ficamos com uma pontinha de frustração, mas não diminuiu em nada o encanto por essa cidade incrível. Essa foi a minha 2a vez em Tromsø, o que só reforçou minha admiração por esse lugar. 

Durante o dia, fizemos alguns passeios muito legais: fomos ao hotel de gelo e fizemos um tour de dog sleding.

No dia 02/01, partimos para Oslo, onde ficaríamos até o dia 05/01 e retornamos ao Brasil. Oslo é linda demais. Vale muito a pena visitá-la, com ou sem auroras!

Não foi desta vez, o que significa que teremos que voltar!!! Natureza é assim mesmo. Mas na próxima viagem, já estou planejando algo diferente. Mesmo sabendo que vou pagar muito mais caro nas passagens aéreas e correndo o risco de não conseguir hotéis econômicos, vou comprar as passagens bem próximo da viagem, assim poderei ser mais assertiva com relação à previsão do tempo e da atividade solar.

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